Dentro de Casa
Produzido por Júnior Oliveira e Daniel Póvoas
Dificuldades com o convívio dentro de casa
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Receber um diagnóstico de autismo é, na maioria das vezes, um momento desafiador e angustiante para as famílias. A verdadeira batalha, no entanto, começa fora do consultório, onde as famílias enfrentam não apenas o impacto da condição, mas também a falta de informações adequadas. De acordo com a psicóloga Julianna Di Matteo, da Associação para Valorização de Pessoas com Deficiência (AVAPE), especializada em terapia cognitivo-comportamental pela Universidade de São Paulo, "na prática clínica, observa-se que existe uma angústia comum nas famílias de pessoas com transtorno do espectro autista. Nem sempre o sofrimento é verbalizado ou claro, podendo até causar sintomas físicos nas pessoas que o vivenciam."
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Além dos desafios emocionais, a falta de apoio social torna-se um obstáculo significativo. Dados do Instituto Baresi revelam que no Brasil, 78% dos pais de crianças com deficiência abandonam as mães antes dos cinco anos de idade, evidenciando a sobrecarga emocional e a responsabilidade que recai, muitas vezes, exclusivamente sobre as mulheres.
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Uma pesquisa publicada no Journal of Autism and Developmental Disorders, realizada com famílias norte-americanas, revela que as mães de crianças com autismo enfrentam níveis de estresse comparáveis aos de soldados em combate. Leda Fischer Bernardino, pós-doutora em Tratamento e Prevenção Psicológica pela Universidade de Paris e professora da PUC do Paraná, destaca a importância do apoio psicológico. Ela explica que as famílias de crianças com TEA devem ser apoiadas para entender melhor o que ocorre com seus filhos e como se relacionar com eles, especialmente em casos de intervenção precoce. "Se o casal não é orientado a lidar com a situação de ter um filho com dificuldades especiais, até a vida conjugal fica seriamente afetada", afirma Leda em entrevista à Gazeta do Povo.
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A Percepção Sensorial dos Autistas: Como Eles Enxergam o Mundo
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A forma como uma pessoa com TEA percebe o mundo é única e está diretamente relacionada aos sentidos. Pessoas autistas experienciam o ambiente de maneira diferente da maioria, com uma percepção sensorial mais apurada, que varia de indivíduo para indivíduo.
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A maneira como processam estímulos visuais, sonoros, táteis ou olfativos é pessoal e muitas vezes difícil de explicar, pois está mais ligada às experiências sensoriais do que à lógica que compreendemos. Ao olharmos além dos preconceitos, percebemos que as preferências por cores, formas ou texturas de uma pessoa com autismo têm um significado próprio, que faz total sentido para ela.
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É importante destacar que a forma como um indivíduo com TEA lida com esses estímulos varia conforme o grau de autismo. O processamento sensorial de cada pessoa é diferente, refletindo uma percepção do mundo única, que pode ser difícil de compreender para quem não compartilha dessa experiência sensorial.
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